TEXTOS & INÉDITAS
 

Caçada
Texto de Tatiana Rocha
06 de novembro de 2006

Teu medo me excita. O cheiro que teu corpo exala quando eu te ameaço me excita.

Gosto te ver como se mexe, desconfortável, quando te encaro, séria. Chego a sentir o frio entrando em sua pupila aberta e eu mergulho em você.

Meus olhos te dizem sem medo te quero e você foge, escorrega para longe, minhas pernas te agarram e você volta, trêmulo, para mim. Volta arrastado, volta humilhado, sem forças ou vontade. Mas volta.

Finge, mente, assume ares de grande aventureiro, mas diante do meu precipício, treme. Está aí balançando nas minhas pontes, sem saber se vai, se volta, se chora ou se ri. E quem ri sou eu.

Teus olhos ansiosos me excitam. Me atiça a vontade ver o quanto você suporta a minha pressão, meu olhar enfiando um estilete na sua garganta, sua mão suada agarra a minha, mas eu sou mais forte porque eu sou a mulher.

Sim.

Minha mulher selvagem te assusta e de encanta, uma leoa hipnotizando um cabritinho novo e de carnes tenras. Sabe que eu vou te comer mesmo, correndo ou não, saltando para longe ou não. Eu realmente vou te comer. E você sabe disso.

Teu suor tem gosto de brincadeira e eu sou uma grande gata branca e você é uma baratinha.

Quero lamber minhas patinhas com teu sangue ainda quente. Quero cravar minhas presas em tuas costas, quero te lenhar o flanco, rasgar suas roupas, agarrar teu sexo e te meter em mim. Apertar teu peito contra meu peito, sufocar a tua vontade, sugar teus humores, teus líquidos vão secar na terra árida de minha boca e você, em sacrifício, vai se dar para mim.

Vai morrer mesmo, então, delicie-se. Aproveite porque depois de mim outro homem vai ter que nascer em você.

O antigo... Ah, o antigo eu comi.

 

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Última atualização em 07 de outubro de 2009